quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A FADISTA NÃO MORREU


A Fadista não morreu
Sua voz ao Mundo deu
Está no Céu a cantar

Ao Povo a lágrima cedeu
Mas a alma não perdeu
AMÁLIA de lenços a acenar

Mulher de amor sonhado
Viveu a vida no Fado
Com poemas de encantar

No beco em verso chorado
Ou no cantar desgarrado
Numa bondade sem par

Na tristeza e na amargura
Tal era a verde frescura
De força e sensualidade

Cerrava olhar de ternura
E numa doce loucura
Rezava à saudade

Em criança na ribeira
A correr sempre ligeira
A palavra não secou

Aquela flor vendedeira
Em manhã fria ou soalheira
Belos limões apregoou

No pregão duma varina
Ali traçou tão bela sina
Cantadeira do velho mar

Foi mui Grande a menina
Tornou-se Fadista - Divina
Deixou coração a sangrar

AMÁLIA tu és Canção
Teu viver não foi em vão
Foi longo, com sentimento
-
Quem lhe daria o condão
Estendeu o xaile no chão
Naquele primeiro lamento.


Setúbal, 28/10/2009
Inácio Lagarto




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