terça-feira, 10 de outubro de 2017

S A U D A D E

 n
((Castelo de Viana do Alentejo))
 


À noite apaga-se a luz,
ficamos parados à espera.
Fixamos a visão na nossa cruz!
Ao som do cantar da Severa.

De pensamentos devotos
entre sonhos, silêncios vastos,
trememos como terramotos!
Com músicas, risos gastos.

Presos em casa, feita de muralhas,
com receio de assaltos e roubos
guardamos, armas e navalhas!
Para defesa da hábeis lobos.

Fecham-se as portas, soltamos um grito,
as janelas e os postigos.
Olhamos ao longe o infinito!
Vemos sorrir nossos amigos.

De mente aberta descrevemos,
a passagem...por esta Vida.
O bem e o mal não esquecemos!
Toda a viagem percorrida.

A nossa afável Vila ou Cidade,
conversas alegres nas noitadas;
Saberes e esperanças da vontade!
Selaram promessas encantadas.

No ontem deixamos  as batas,
o livro, valioso tesouro;
mais tarde perdemos as gravatas!
Fatos finos, sapatos de couro.

Hoje, ao olharmos no espelho,
para sentir e ver os madrigais
ouvimos, do Tempo, um conselho!...
Terna água escorre dos beirais.


Setúbal, 10/10/2017
Inácio J.M. Lagarto





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