segunda-feira, 4 de julho de 2022

ACORDEI A ALVORADA


 
Sou filho do Mestre Oleiro
Fiz panelas e alguidares,
Cântaros, lindo mealheiro;
Cozi louça, fui forneiro,
Pesguei potes com meus pares.

Extraí do subsolo a argila,
Transportei-a na carroça
Para a oficina da Vila!
Em que a luz da vida cintila
Cuja criação se esboça.

Acordei a alvorada
Com um inocente olhar! 
E de alma enamorada
Encetava nova empreitada,
Tinha o Artista para acompanhar.

Como o combate nos inflama 
E os sonhos guiam os passos!...
Na juventude alimentei a chama.
Procurei na Escola glória e fama,
Novos saberes, partilha de laços.

Segui no tempo paixão e dever
Sempre lutando insatisfeito!
Pela conquista pura de vencer,
Não esquecendo o velho sofrer
Do irmão com fome, sem leito.


Setúbal, 05/07/2022
Inácio José Marcelino Lagarto

 
 

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