segunda-feira, 20 de abril de 2009

CAMPA SAGRADA


Junto à Campa Sagrada
A Viana, eu vim orar
Minha alma ficou gelada
Sem a força, poder pulsar

I
Alentejo, Solo Natal,
De Planície grandiosa;
Sua seara, foi famosa,
Para glória de Portugal.
Com flora natural,
Para riqueza ambicionada;
Nem por todos, foi bem tratada,
Sonho da Terra me moveu,
Sofrida mente gemeu,
Junto à Campa Sagrada.

II
Olhei abóbada Celestial,
Na procura da verdade;
Doutra triste fatalidade,
Vi um manto especial,
Feito de puro cristal,
Naquela estrela a piscar!...
Fui sacudido pelo ar,
Em Domingo de Romaria
E, tocado no que sentia!
A Viana, eu vim orar.

III
Naquele silêncio profundo,
Analisei a existência;
Confuso, com a Ciência -
Que mergulha neste Mundo;
Num mar que não tem fundo!...
Em que a vida é julgada...
Na escuridão encerrada,
Com bilhete de partida;
Outros,à espera da ida,
Minha alma ficou gelada.

IV
Fomos fruto, somos semente,
Sorte mentira da Humanidade;
Temos e perdemos identidade,
Una parte, dum acidente,
Nascidos em qualquer lugar...
Crescemos, querendo lutar,
Buscamos novos caminhos!
Um dia...Ficamos sozinhos,
Sem a força, poder pulsar.


Viana do Alentejo, 19/04/2009
Inácio Lagarto




1 comentário:

Susana Gonçalves disse...

A minha grande admiração pela sua força e coragem.
E ainda pela maravilhosa poesia que escreve, pelo dom da palavra, que nos transporta para outros lugares e faz brotar em nós sentimentos de tristeza, nostalgia mas também de força, coragem e alegria.
Continue a presentiar-nos com as suas palavras pois elas são um alento para os nossos sentidos.
Beijos