quinta-feira, 9 de outubro de 2008

FOGO QUE ARDE


Perdi coragem, na jornada,
Se acordo...Eu, já não sei!...
Sigo sem rumo, na estrada,
Naquela...Que um dia viajei!

Húmidas pálpebras por rotina,
Ofuscam brilho no momento;
Sombra negra duma sina,
Dum belo sonho em tormento.

Criei Santo e terno Anjo,
Naco de barro no seu esculpir;
Tocando trombeta ou banjo -
Tão alegres no bom sorrir.

Traz a infância segredo,
Com o tempo, forja a razão;
Há-de o SER: - Rir, não ter medo,
Tarde ou cedo, vem a solidão.

Quem da primavera semeia
E, à vida dá um abraço;
Da montanha, desce a areia,

Arrasa campos, aperta o laço.

Sou Humano, um precursor,
Faço do silêncio meu voar;
Colho a semente da dor...
Fogo que arde... Não deixo queimar!

Tudo que é real aparece,
Até o querer, a força nos tira;
O longo vazio nos parece...
Toda a verdade ser mentira!

Suspira fundo o sentir,
Muito e tudo do que perdemos;
Está sangrando o existir!...
Por aquilo... Do que não queremos!

Setúbal, 23/05/2008
Inácio Lagarto

Sem comentários: